Sabe-se do seu excelente trabalho no Parlamento Europeu, nomeadamente, por ser voluntária permanente nas delegações enviadas aos lugares mais “quentes” do Planeta o que a fez ganhar um distinção especial dos seus pares. O que a leva agora a concorrer deixando desde já claro que renunciará ao lugar de deputada europeia caso venha a ser eleita para Sintra?
Os mandatos políticos de proximidade – como os que implicam responsabilidades autárquicas – são tão ou mais nobres do que quaisquer outras funções a nível nacional, europeu ou internacional. Eu acredito que a política, na aldeia globalizada em que vivemos, implica “pensar global e agir a nível local”. Por isso não hesitei em aceitar o desafio de dar a cara em Sintra, pelo PS e pelos sintrenses. Fiz também questão de estar na lista do PS para as eleições europeias – se isso não tivesse acontecido, aqueles que me acusam agora de ser “candidata-fantasma” procurariam descredibilizar a minha candidatura a Sintra a pretexto de que teria sido afastada das listas europeias do PS. Por isso decidi assumir com clareza e honestidade as duas candidaturas e deixar a decisão aos eleitores. E os sintrenses decidirão em último lugar, sabendo que se me escolherem para presidente da sua Câmara eu deixo o Parlamento Europeu, caso tenha voltado a ser eleita.
O Município de Sintra é um dos casos de maior complexidade de integração social e de maiores problemas de acesso e mobilidade, principalmente em relação aos munícipes que trabalham em Lisboa. Como pensa abordar estas duas questões quando vier a ser eleita Presidente da Câmara?
Integração social e facilidades de acesso e mobilidade interna são, de facto, dos problemas mais graves que os sintrenses hoje enfrentam. O primeiro está claramente na base, também, do sentimento de insegurança que se agravou no Concelho nos últimos anos. Mas há ainda muitas outras carências conexas, por exemplo no plano dos equipamentos escolares, instituições de saúde e outros mecanismos de intervenção social de apoio às famílias, aos jovens e sobretudo aos grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos. A população do Concelho de Sintra cresceu substancialmente nos últimos anos, mas a governação local estagnou. Sintra precisa de uma nova dinâmica económica, turística e cultural, que a volte a colocar no mapa internacional. Precisa de criar empregos de qualidade e apostar decisivamente em políticas verdes e inteligentes que assegurem eficiência energética nos transportes e edifícios, eficiência no uso da água e que preservem e promovam o extraordinário património paisagístico e arquitectónico que possui e que hoje está em acelerada degradação.Para abordar todos estes e muitos outros graves problemas que afectam os sintrenses vou começar por ouvi-los. Vou fazer audições públicas em cada uma das 20 freguesias de Sintra, convidando todos aqueles e aquelas que vivem e sentem Sintra a vir relatar-me os problemas e fazer-me sugestões de solução. Vou consultar todas as pessoas, do PS e não só, que têm conhecimento profissional desses problemas e pensamento sobre como os resolver. Só depois elaborarei, juntamente com a equipa que me acompanhará na candidatura, um programa que submeterei à consideração dos sintrenses. Sintra precisa sobretudo de quem se interesse pelas pessoas que lá vivem, estudam ou trabalham.
Como candidata ao Parlamento Europeu e como cabeça de lista do PS às próximas eleições para a Câmara de Sintra defende que os candidatos das suas listas a estas eleições possam ser igualmente candidatos a outras eleições a realizar em Portugal, neste ano de 2009, podendo com isso renunciar aos lugares para que venham a ser eleitos nas próximas eleições europeias e autárquicas?
Não serei candidata às eleições legislativas, se é isso que quer perguntar. Sou totalmente contra a acumulação de cargos públicos ou privados: nunca acumulei, não acumulo e nunca acumularei. Por isso, cuidei de clarificar à partida que optarei por Sintra, em detrimento de eventual novo mandato no Parlamento Europeu, caso os sintrenses me elejam presidente da sua Câmara.